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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A PEDAGOGIA MONTESSORI






Maria Montessori


Ideias Pedagógicas

Montessori se opõe radicalmente aos métodos das escolas tradicionais vigentes da época e por conta de sua crítica, pensamentos e feitos, ela insere-se no movimento das Escolas Novas. Segundo a mesma, os métodos tradicionais não respeitavam as necessidades e o desenvolvimento dos alunos, pois a aprendizagem estava voltada para a memorização, repetição e recompensa, tendo desta maneira o objetivo a integração e ajustamento social. Faz-se necessário destacar, que a estrutura curricular, da escola tradicional, é formulada com pouco enfoque nos interesses das crianças e os conceitos são entregues já prontos pelos professores, estes exercem a figura principal no processo ensino aprendizagem como detentor quase que exclusivo do conhecimento, sendo o aluno um mero participante passivo neste processo. A partir dessa reflexão, Montessori pensou em uma educação que rompesse com todas essas práticas tradicionais e que caminhasse exatamente ao contrário destas.
Ela acreditava que a educação estava para além do acúmulo de informações, seu objetivo principal deveria ser a formação integral do homem, ou seja, uma “educação para a vida”. Com isso, sua filosofia e os métodos elaborados por ela procuram desenvolver o potencial criativo desde a infância, associando-a a vontade de aprender, acreditava que tal conceito era inerente a todos os seres humanos. Assim seu método tem por objetivo a educação da vontade e da atenção, no qual as crianças tem liberdade de escolher o material ou atividade com que deseja trabalhar. Esta se inspira no humanismo integral, que postula os seres humanos como pessoas únicas e plenamente capacitadas para atuar com liberdade, inteligência e dignidade.
Para Montessori, a criança não é um ser incompleto, desde o seu nascimento ela já é um ser humano integral. Ela é constituída por um corpo e uma alma que desenvolve suas potencialidades naturalmente. Nesse sentido, o ambiente não pode sufocá-la, deve somente proporcionar possibilidades para que se ela desenvolva livremente suas potencialidades. Porém, liberdade para Montessori não está ligada ao espontaneísmo, mas ao crescimento rico e harmonioso da pessoa integralmente. Com isso, o papel do ambiente é fundamental, porém secundário. Ele pode modificar como também pode ajudar a destruir, mas ele jamais cria. Este deve ser adaptado para que a criança possa agir e receber estímulos.
Segundo Maria Montessori, a criança possui uma sensibilidade para observar e absorver tudo em seu ambiente, ou seja, a criança observa e absorve informações que ela requer e necessita para sua atuação na vida diária de forma espontânea. Como consequência desse fato, Montessori a denominou de “mente absorvente”. Para ela, a criança traz dentro de si um potencial criativo que permite que ela mesma conduza o seu próprio aprendizado e encontre o seu lugar no mundo. A criança já possui uma pré-disponibilidade para aprender sem precisar da ajuda do outro, uma vez que ela é talentosa, curiosa e criativa com algo que prende seus interesses ou algo que ela mesma escolhe explorar. Desta forma, torna-se necessário a adequação de condições que possibilitem ela encontrar seu próprio caminho, a plenitude de seu ser através da exploração e apropriação do ambiente livremente. Nesse contexto, concebeu-as como a esperança da humanidade, dando-lhes a oportunidade de aprender a utilizar sua liberdade logo nos primeiros anos de vida e assim, quando chegasse à idade adulta teriam a capacidade de enfrentar os problemas da vida, inclusive aqueles mais complexos como a paz e a guerra.
Para Montessori, o método montessoriano não foi elaborado apenas desenvolver uma nova maneira de ensinar, mas também para descobrir e ajudar a criança a alcançar seu potencial como ser humano, através dos sentidos, do ambiente preparado e utilizando a observação cientifica de um professor treinado. Nesse sentido, acreditava que a necessidade vital da criança é aprender fazendo, por isso a grande ênfase no trabalho exercido pela criança em seu método. Ela defendia que o caminho do intelecto passava pelas mãos, porque é por meio do movimento e do toque que as crianças decodificam e exploram o mundo ao seu redor. Com isso, ela desenvolveu materiais didáticos que chamam a atenção da criança por suas propriedades (cor, forma, tamanho, peso, textura, cheiro, barulho, dentre outros) com o objetivo de provocar o desenvolvimento do raciocínio e o aprendizado significativo. 
Segundo a mesma, a escola tem o objetivo de permitir que a criança formule seu próprio conhecimento, respeitando cada etapa de seu desenvolvimento de forma gradativa. Portanto defendia o respeito às necessidades e aos interesses de cada criança de acordo com os estágios de desenvolvimento correspondentes as faixas etárias.  

Implicações na Educação Infantil

O Método Montessori se baseia no conjunto de teorias, práticas e materiais didáticos idealizados pela pensadora em questão. Este tem como característica o respeito para com a criança e pela sua capacidade de aprendizado. Possui como objetivo a valorização da educação pelos sentidos e pelo movimento, visando estimular a concentração e as percepções sensório-motoras.
Os princípios básicos se consistem na liberdade, atividade e individualismo. Esses elementos tornam a criança o sujeito e objeto do processo de aprendizagem.  A liberdade ocorre na condição de manifestar-se, espontaneamente, na escolha dos objetos que queira agir ou das atividades a realizar, tendo como ponto de partida o interesse e a vontade. As atividades são construídas a partir das quatro grandes áreas do conhecimento, a saber: vida prática (consiste em desenvolver a coordenação, concentração, independência, ordem e disciplina), educação sensorial (refere-se ao desenvolvimento completo dos cinco sentidos), linguagem oral e escrita e matemática. Nesse sentido, são construídas atividades que trabalham diferentes áreas permitindo aprender através de ações nas brincadeiras, tentativas, descobertas e conquistas. A individualidade aparece na condição da criança se desenvolver de acordo com suas potencialidades e interesses individuais, sendo respeitada como sujeito de grande potencial na construção de conhecimento.
Faz-se necessário destacar, que as salas de aula são compostas por crianças de diferentes idades, com isso ocorre à ajuda mutua a colaboração e o ensino entre elas.  O aprendizado é uma conquista da criança, pois através da sua liberdade de ação ela executa atividades que lhe despertam maior interesse, construindo assim os conhecimentos de maneira significativa, pode-se chamar esse processo de autoeducação. É imprescindível esclarecer que a aprendizagem ocorre por fases de acordo com o desenvolvimento biopsicológico e que a avaliação é construída em todas as atividades, portanto não existem provas formais.
Maria Montessori referia-se as educadoras como guias. Estas devem ser grandes observadoras para conhecerem as necessidades psicológicas, intelectuais e físicas de cada criança, pois desta forma podem mediar o primeiro contato com outros materiais ou atividades que propiciem diferentes desafios e novidades. O erro é entendido como parte do processo de aprendizagem e são valorizados como componentes do desenvolvimento, uma vez que encaminha a criança a um raciocínio maior. O objetivo da guia é ajudar a criança a ajudar-se e contribuir no processo de autoconfiança da mesma. Deve conhecer a finalidade de cada material utilizado, saber manuseá-lo corretamente e mediar somente no primeiro contato da criança com o novo material. A mesma deve potencializar no processo de desenvolvimento a imaginação, independência e autodisciplina. O respeito pela escolha e interesse de cada estudante é característica essencial da atuação docente.
A guia é a ponte que liga as crianças ao ambiente preparado, sendo este composto por um mobiliário adequado ao tamanho delas e passível de locomoção a partir dos interesses apresentados por cada uma, ocorrendo desta forma a liberdade de eleição do que se quer trabalhar no momento. Cabe ressaltar, a importância do silêncio, da higiene, da organização no ambiente preparado e que este reflete as características individuais de cada guia e do grupo de crianças que ali se encontram.
Montessori desenvolveu diversos materiais cujo objetivo é dar bases sólidas para o desenvolvimento de todas as habilidades e inteligências humanas. Tais materiais abrangem a todas as áreas das necessidades infantis em que ela estudou. Ao elaborar cada material, queria que as crianças passassem a ter uma imagem concreta de cada conceito estabelecido pelos mesmos, facilitando assim a compreensão e desenvolvendo um raciocínio e aprendizado mais agradável. Eles foram adequados ao tamanho das crianças e confeccionados com materiais naturais como madeira, vidro e metal. Eles exigem movimentos dirigidos pela inteligência para um fim definido e constituem um ponto de contato entre a mente da criança e uma realidade externa, permitindo-lhes realizar gradualmente exercícios de maior dificuldade. Alguns destes são auto didáticos, ou seja, possibilitam a criança trabalhar com eles sem a intervenção do adulto e a observar seus próprios erros. 

Biografia

Maria Montessori nasceu em Chiaravalle (Província de Ancona) na Itália no dia 31 de agosto de 1870. 

Graduou-se em medicina no ano de 1896 pela Universidade de Roma, convertendo-se assim na primeira mulher médica da Itália. Após a sua formatura, Montessori trabalhou em uma clínica psiquiátrica na Universidade de Roma. Foi dentro deste contexto que ela passou a se interessar pelas crianças portadoras de deficiências, pois naquela época estas recebiam tratamentos juntamente com os loucos. A partir de suas observações, Maria Montessori constatou que a deficiência mental tendia mais para um problema pedagógico do que para um problema médico e nesse sentido passou a acreditar na necessidade de uma educação especial para as crianças em questão.  

Cabe ressaltar que nesse momento de sua vida Maria Montessori estava engajada no movimento feminista e participou do Congresso Internacional pelos Direitos da Mulher, em Berlim. 

Em 1899, é nomeada codiretora da Escola Ortofrênica de Roma que possuía como ênfase o trabalho com crianças com deficiências mentais (oriundas de outras escolas e de clínicas ou asilos). Montessori baseou seu trabalho nos preceitos de Itard, Séguin e Froebel. Ela utilizou diversos materiais pensados por Séguin e criou muitos outros para que seus estudantes aprendessem com o manuseio. O resultado desse processo de aprendizagem obteve tanto êxito que algumas crianças portadoras de deficiências foram aprovadas fizeram uma prova que servia para avaliar o ensino da rede pública. O bom desempenho de seus alunos especiais fez Montessori refletir sobre o que havia de errado na educação das crianças não portadoras de deficiência e então chegou a conclusão que ela deveria desenvolver um método similar ao aplicado anteriormente que contemplasse essas crianças. 

No ano de 1901, Montessori deixa o cargo na instituição em questão por acreditar que deveria se aprofundar no assunto para que posteriormente pudesse praticar o seu pensamento lógico sobre a educação. 

Montessori inaugura à primeira “Casa dei Bambini” (Casa das Crianças) no dia 06 de Janeiro de 1907 em San Lorenzo, Roma. Esta se torna modelo das demais instituições montessorianas e atendia sessenta crianças pobres. 

Após dois anos, em 1909, publica O Método da Pedagogia Científica. Este livro contribuiu para que seu trabalho fosse conhecido internacionalmente e adotado o nome de Método de Montessori ou Montessoriano. Ainda neste ano, faz seu primeiro curso de treinamento de professores em Città di Castello.

Em 1911, Maria Montessori abandona a sua prática médica e dedica-se exclusivamente à pedagogia. É nesta mesma época que certas escolas públicas italianas e suíças passam a adotar o seu método como prática educativa.

Após sua viagem aos Estados Unidos, em 1913, muitas escolas adotaram seu método. Nesta viagem ela se encontra com Mabel Hubbard Bell, que foi a fundadora de instituições montessorianas no Canadá e nos EUA.

Entre os anos de 1915 e 1916, também nos EUA, Montessori apresenta suas ideias na Panamá-Pacific International Exhibition, em São Francisco e promove um curso de formação de professores chamado "A casa de cristal" inicialmente em Los Angeles e, posteriormente, em Barcelona, na Espanha.

Após cinco anos, em 1924, Maria Montessori encontra-se com o ditador fascista Benito Mussolini, e este concorda em apoiar as escolas montessorianas. Contudo, em 1931, essas escolas são fechadas por conta de se recusarem a reproduzir as ideologias do regime fascista. Desta forma, Maria Montessori sai da Itália e se fixa na Espanha.

Por conta da Guerra Civil Espanhola, em 1936, ela muda-se para a Inglaterra e dois anos depois abre na Holanda um centro de treinamento de professores. Nessa constante fuga da guerra, Montessori e seu filho Mario vão para a Índia, porém lá, seu filho é detido por ser considerado inimigo de guerra e para ela foi concedida a autorização de viajar e lecionar. Depois do término da guerra, em 1946, Montessori e Mario voltaram para a Holanda e posteriormente vão para a Inglaterra e no ano de 1947 fundou o "Centro Montessori" em Londres.

Publica seu livro Mente absorvente em 1949 e, em 1950, lança A formação do homem, Para educar o potencial humano e O que você precisa saber sobre seu filho.

Foi nomeada para o prêmio Nobel, em três oportunidades distintas: 1949, 1950 e 1951. Maria Montessori faleceu de uma hemorragia cerebral no dia 6 de maio de 1952, em Noordwijk, Holanda, com quase 82 anos de idade.


Bibliografia

CAMBI, Franco. Os teóricos do ativismo: Decroly, Claparède, Ferriere e Montessori. IN: Cambi, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Editora UNESP,1999. p.525-535.
GADOTTI, Moacir. O pensamento pedagógico da escola nova. IN: GADOTTI, Moacir. Histórias das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1993.p.142-157.
















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